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Brasileiros vão a torneio mundial de robôs apoiado por Microsoft e Nasa

Alunos de ensino médio de escola gaúcha passaram as férias trabalhando Em outros torneios, faturaram prêmio de inovação e empreendedorismo.

Uma equipe brasileira formada por estudantes do ensino médio disputará nos Estados Unidos a final mundial de uma competição conhecida no país como o “Super Bowl dos inteligentes”. A disputa envolve a construção de robôs que deverão jogar um esporte. Neste ano, a modalidade mistura fundamentos do futebol e do basquete.

O torneio First Robotics Competition acontece desde 1989 para incentivar estudantes a trilharem pelas áreas da ciência e tecnologia. Atraiu o olhar de gigantes do ramo, como Qualcomm,Microsoft e Nasa, e a simpatia do público, a ponto de ser comparado à final da liga de futebol americano (NFL). Entre os parceiros inusitados da competição estão a Força Aérea dos EUA e a Agência Central de Inteligência (CIA).

“É realmente uma competição muito inspiradora, que muda a perspectiva que a gente tem da ciência e tecnologia”, diz Marcela Penna, que integra o time Under Control ao lado de outros 17 alunos do Colégio Marista Pio XII, de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

A equipe conseguiu a classificação após vencer no fim de março a etapa regional de Long Island, nos EUA. Para não desperdiçar a viagem, o time havia programado participar também da etapa posterior, em Nova York. Embora já classificados, não fizeram feio e arrancaram o segundo lugar em solo nova-iorquino.

O mundial será realizado na cidade de St. Louis, no Missouri, entre 23 e 26 de abril. 400 equipes brigarão pelo título em um evento no qual são esperadas mais de 20 mil pessoas. Como o objetivo é incentivar o aprendizado, não há prêmio em dinheiro para as vencedoras. Elas recebem bolsas para facilitar o custeio no torneio do ano seguinte.

O trabalho da equipe, porém, começou antes, ainda durante as férias escolares. Tradicionalmente, a associação organizadora informa no começo de janeiro as regras do torneio e as características da modalidade a ser jogada. “Eles abrem mão de curtir as férias e voltam à escola para construir o robô para o desafio”, diz o mentor da Under Control, Felipe Ghesla, estudante de engenharia de 21 anos.

A partir de 4 de janeiro, as equipes tiveram seis semanas para construir seu robô até o início das disputas regionais. Ao final do prazo, o robô é levado para o local do torneio pela empresa de logística FedEx, outra parceira do evento. Segundo Ghesla, algumas equipes nem chegam a treinar.

Nesse ano, as equipes deveriam construir um robô capaz de arremessar bolas por um gol posicionado rente ao solo ou entre uma abertura retangular elevada, como em partidas de basquete. Fazer gols é o objetivo inicial, mas a pontuação é elevada se antes de marcar um tento houver jogadas entre os robôs, como passar a bola ou se deslocar do campo de defesa para o de ataque. Como cada time só leva um robô, tem de colaborar com outras equipes.

Robô da equipe brasileira Under Control, de estudantes de ensino médio do Rio Grande do Sul, que disputou torneio de robótica nos EUA. (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal/Felipe Ghesla)

A forma como a equipe se prepara também é premiada. A Under Control desembarcou no Brasil na terça-feira (8) com dois prêmios na bagagem. Em Long Island, levou o Prêmio de Empreendedorismo pela gestão empresarial a fim de levantar recursos. “A nossa temporada custou R$ 70 mil para levar os estudantes, pagar a inscriação e construir o robô”, diz Ghesla. Apesar de receberem algumas peças, as máquinas custaram R$ 3,5 mil. Para pagar as contas, foram atrás de patrocínio. “A gente foi atrás de contratos, pegou a lista telefônica e foi ligando. Só nesse ano a gente ligou para 300 empresas e conseguiu alguns ‘sim’ mas a maioria foi ‘não'”. Conseguiram 12.

Já em Nova York, receberam o Prêmio de Inovação em Controle por terem criado um sistema de comando dos robôs com sensores para auxiliar os pilotos a posicionar as máquinas no melhor lugar para fazer os arremessos.

Para a final, o time promete. “A gente já vai com o pessoal todo sabendo que fomos campeões em uma [etapa] e vice em outra. Então não foi por sorte”, afirma Ghesla.

“Com os [troféus] que vieram agora, já estávamos considerando montar uma estante nova”, brinca Bruno Toso, estudante responsável pela programação da Under Control. “Se conseguirmos trazer mais algum do campeonato mundial agora, aí sim precisaremos”.

“O mais surpreendente desse grupo é que no verão, em plenas férias, eles estavam dentro da escola empenhados em algo maior”, diz Kátia Antoniolli, vice-diretora do Pio XIII. Para ela, esse é o “melhor troféu”.

Formada por estudantes de ensino médio do Rio Grande do Sul, equipe brasileira Under Control, disputa torneio de robótica nos EUA. (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal/Felipe Ghesla)

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